O Camboja, um pequeno país do sudeste Asiático, abriga uma população sofrida de mais de 14 milhões de pessoas e faz fronteira com a Tailândia, o Laos e o Vietnã. A grande maioria dos cambojanos é de descendência Khmer e uma pequena parcela de origem dos países vizinhos. No passado ele já se chamou República Khmer e República Popular do Kampuchea. Entre os séculos IX e XV, os Khmers controlaram um grande reino hindu-budista no Camboja. Sua capital era Angkor.
Os Khmers construíram centenas de belos templos de pedra, além de canais de irrigação, hospitais, represas e rodovias. Mas com tantos projetos suntuosos, conflitos entre os membros da família real, epidemias e guerras, o Império acabou enfraquecido e abandonado.
Hoje, a maioria dos cambojanos vive nas planícies férteis resultantes das enchentes do rio Mekong ou perto do Tonle Sap (Grande Lago) e do rio Tonle Sap, a noroeste de Phnom Penh (atual capital).
O povo se orgulha de seus tesouros arqueológicos e das impressionantes marcas de arquitetura, arte e civilização praticadas no período. Não é pra menos, afinal Angkor Wat foi declarado pela UNESCO Patrimônio da Humanidade e os templos são hoje o símbolo do Camboja, aparecendo em sua bandeira e sendo a principal atração turística.
Angkor, que na língua local significa “Cidade Sagrada” é mesmo uma relíquia da humanidade. Este legado quase foi destruído durante o domínio do Khmer Vermelho no país. Os recentes anos 70, 80 e 90 deixaram cicatrizes perceptíveis nas esferas econômica, política, social e física do Camboja. Há ainda nos arredores dos templos, assustadoras placas chamando a atenção para o perigo de minas terrestres.
Quando cheguei em Siem Reap, consegui entender a força do reinado de Suryavarman II, responsável pela construção de diversos templos da região. Infelizmente alguns deles estão totalmente destruídos pelo tempo e pela ira das árvores, que com a força de suas raízes devastaram toda uma estrutura pesadíssima de pedras.
Alguns templos não impressionam pelo trabalho nas pedras, ou pelas representações esculpidas nas paredes, tampouco pelas estátuas e salas imensas. Eles chocam por terem se transformado em uma obra de arte lapidada pela natureza, tendo as árvores como os artistas principais. Prova viva que na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Já outros templos passaram por um árduo trabalho de restauração e foram praticamente reconstruídos em seu formato original. São igualmente impressionantes, mas dessa vez pela habilidade e técnica do homem que arquitetou estruturas imensas e suntuosas e foram capazes de utilizar os mais diversos materiais para representar suas vidas e seus deuses. Abaixo, uma breve lista dos templos que recomendo.
Prasat Kra Chap, Prasat Jhrat e Templo Linga
A 140 km de Siem Reap, a cidade Koh Ker possui alguns templos incríveis, porém totalmente abandonados e arruinados pelas guerras.
Beng Melea
A 70 km de Siem Reap, vale a pena visitar o templo Beng Melea, totalmente destruído pela ira das árvores.
Angkor Wat, Angkor Thom e Ta Phron
O complexo Angkor Wat é o conjunto de templos mais incrível e surpreendente que já vi.
Banteay Srei
Recomendo uma visita ao Banteay Srei (a 40 km de Seam Reap) que significa “Cidade da Mulher e da Beleza”. E realmente faz sentido, pois a principal característica deste templo hindu, é a riqueza dos detalhes talhados em sandstone rosada, pedra extremamente difícil de ser trabalhada. É complemente diferente dos demais templos da região e tem uma história linda. Após a guerra da Tailândia e o povo Khmer, esse templo foi construído para abrigar as mulheres, pois grande parte dos homens foram mortos durante essa guerra e lá elas conseguiriam encontrar paz e tranqüilidade.
Tatiana Perim é publicitária e apaixonada por aventura e viagem. Ela possui um projeto de viagem com uma proposta de conduta interessante: ter mais calma e equilíbrio na vida. Dê uma olhada em seu blog Motto Slow Travel