Em Madhya Pradesh, na Índia central, se esconde uma pequena vila chamada Khajuraho. A população não passa de 5 mil habitantes e surpreendentemente essa vila tem até um grande aeroporto – a única da Índia a ter um. O motivo: os templos magníficos com suas esculturas em calcário e as estátuas que representam a arte milenar da educação sexual da época medieval, o kama sutra.
Enquanto alguns turistas erroneamente encaram essas representações sexuais como pornografia, olhando melhor, esses templos são uma representação da vida cotidiana da antiguidade. Todos eles tem uma história pra contar, que vão desde os afazeres domésticos, vida rural, guerras; às táticas de sedução e os prazeres da vida.
Os ensinamentos do kama sutra, embora conduzam ao prazer, visam, em primeiro lugar, à elevação espiritual do homem, em sua trajetória religiosa. Kama significa amor, prazer, satisfação. É um dos três sustentáculos da religião hindu. Os outros são Dharma e Artha. Dharma é o mérito religioso e Artha a aquisição de riquezas e bens. Os hindus acreditavam que aquele que praticar Dharma, Artha e Kama, sem se tornar escravo das paixões, conseguirá êxito em todos os seus empreendimentos. Em outras palavras, deve-se desfrutar as riquezas e os prazeres sexuais sem jamais perder a virtude religiosa.
Origem dos templos
A história da origem desses templos é ainda mais curiosa. Diz a lenda que em uma vila perto da floresta, vivia um padre Brahmin. Ele tinha uma filha simplesmente maravilhosa, chamada Hemvati. Em uma noite muito quente, ela foi ao lago sozinha e resolveu entrar para se refrescar. Quando Chandra, o Deus da lua, a viu, ficou totalmente embevecido com sua beleza e tomou a forma de um belo príncipe. Ele a seduziu e eles passaram uma noite de amor debaixo das estrelas. Quando amanheceu, Chandra relutantemente partiu. Hemvati ficou arrasada ao vê-lo ir embora. Chandra disse a ela para não chorar, pois em nove meses o fruto da união dos dois se tornaria um grande guerreiro e fundaria a dinastia de Chandela e a faria muito orgulhosa.
Uma mulher solteira e grávida naquela época era a desgraça da família, e por isso, Hemvati fugiu para Kajuraho. E lá, a profecia se concretizou. Seu filho nasceu, se tornou um homem rico e poderoso e em sua dinastia, construiu 85 templos que celebram o amor e a paixão.
Infelizmente apenas 22 dos templos originais sobreviveram aos ataques de invasores. Desses, o Laxman e Kandariya Mahadev são os mais conservados.

Detalhes de um dos templos de Khajuraho | Tatiana Perim
Tatiana Perim é publicitária e apaixonada por aventura e viagem. Ela possui um projeto de viagem com uma proposta de conduta interessante: ter mais calma e equilíbrio na vida. Dê uma olhada em seu blog: Motto Slow Travel